Airbus ACJ-319: Novo avião que atende à Presidência da República é mais seguro e econômico
Chegou a Brasília na manhã do último sábado (15/01), o novo avião da Força Aérea Brasileira que passa a integrar a frota do Grupo de Transporte Especial (GTE), encarregado de atender às necessidades de transporte aéreo da Presidência da República.
O novo avião é um Airbus ACJ-319, batizado oficialmente de Santos Dumont, adquirido por US$ 56,7 milhões, depois de um rigoroso processo de seleção, do qual participaram duas empresas – a Airbus e a Boeing. A Embraer, convidada a participar do processo, declinou do convite por não possuir condições de fabricar, no curto prazo, uma aeronave com as características técnicas exigidas pela Aeronáutica. A Airbus venceu o processo de seleção porque sua proposta foi a que apresentou o melhor preço e atendia plenamente as especificações técnicas solicitadas.
O contrato assinado com a Airbus Corporate contempla, além da aeronave, peças de reposição, equipamentos de apoio no solo, publicações técnicas, treinamento operacional e de manutenção e assistência técnica.
O ACJ-319 tem capacidade para vôos de longa distância sem necessidade de pousos para reabastecimento, com autonomia de vôo de 8,4 mil km, e pode pousar em pistas curtas de até 1.500 m. A aeronave opera numa velocidade máxima de 650 km/h, numa altitude máxima de 13.530 m, e seu consumo médio é de 2,5 mil kg/h, bem inferior aos 6,8 mil kg/h do antigo Boeing 707. Além disso, o seu custo de manutenção ao longo de sua vida útil – estimada em 30 anos – será cerca de 50% inferior à do Boeing 707.
O ACJ-319 apresenta menor consumo de combustível, baixo custo de operação e de manutenção, possui sistemas mais eficientes e confiáveis de navegação e de comunicação, baixos níveis de ruído (o que permitirá sua operação sem restrição em todos os países) e atende às novas legislações da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) sobre separação de tráfegos em aerovias, que exigem tecnologia de última geração.
O custo da hora de vôo do ACJ-319 é de US$ 2,1 mil, 71% a menos do que o do Boeing 707, que era de US$ 7,3 mil. Com a estimativa de voar uma média de mil horas por ano, o ACJ-319 gerará uma economia de US$ 5.200 anuais. Isso significa que em 11 anos terá economizado US$ 57,2 milhões, o que supera o seu preço de aquisição. Ou seja, a aeronave se paga em 11 anos de uso.
O ACJ-319, na sua configuração atual, tem capacidade para transportar até 55 passageiros. Sua cabine de comando tem capacidade para dois tripulantes e dois observadores, e é dotada de equipamentos digitais que incorporam os mais modernos sistemas de navegação, comunicação e controle de vôo.
A cabine presidencial dispõe de uma sala de reuniões com oito lugares, uma área privativa para descanso, com cama de casal e um banheiro com chuveiro, sistemas de áudio e vídeo, e áreas destinadas à tripulação e aos passageiros, com banheiros e espaço para comissária.
A aeronave possui, ainda, meios de comunicação seguros e eficientes, com sistema de transmissão de dados em modo criptografado e com proteção contra interferências eletromagnéticas, além de equipamentos de segurança.
Como a previsão da vida útil do ACJ-319 é de 30 anos e cada ano de uso representa 3% de sua vida útil, a nova aeronave atenderá às necessidades de transporte por mais 7 mandatos presidenciais. O presidente Lula, no atual mandato, utilizará apenas 6% da vida útil da aeronave.
O contrato prevê uma cláusula de contrapartida que obriga a Airbus Corporate a investir no Brasil, no mínimo, 100% do valor do avião. A empresa se comprometeu a investir 170% do valor pago pelo avião. O investimento começou com a instalação de uma empresa de componentes e peças de avião em São José dos Campos (SP), no ano passado, que deverá gerar 300 empregos, com investimento inicial de US$ 2,3 milhões. A contrapartida prevê ainda a transferência de conhecimento e tecnologia para o Centro Aeroespacial Brasileiro. O período máximo de investimentos será de seis anos, a contar de 2004.
Histórico
A necessidade de se adquirir uma nova aeronave para o transporte da Presidência da República, capaz de realizar missões intercontinentais, foi identificada pela FAB em 1992. Seis anos depois, o projeto foi inserido no Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro, para dotar o Grupo de Transporte Especial de uma aeronave capaz de atender a requisitos específicos de segurança e de operacionalidade, típicos do transporte de autoridades.
Entretanto, naquela época, não existia no mercado uma aeronave que atendesse aos requisitos e às necessidades definidas pela Aeronáutica: ter grande autonomia de vôo e ser capaz de operar em pistas de menor extensão no interior do país.
Em julho de 2000, a diretriz do plano de reaparelhamento da FAB foi aprovada pelo Congresso, prevendo, entre outros investimentos, a compra da nova aeronave para o GTE. A decisão de compra da nova aeronave foi tomada em 2003, atendendo às recomendações do Grupo de Trabalho, criado em 2002, que reafirmou a necessidade do novo equipamento destinado a atender ao serviço de transporte aéreo da Presidência da República.
De 1999 a 2001, o governo federal fretou aeronaves privadas para o transporte presidencial, a um custo de US$ 12.043,74 a hora de vôo e US$ 1.067,79 a hora parada em solo, valores superiores aos gastos com o Boeing 707, cujo custo operacional é de US$ 7.331,28 a hora de vôo.
O Boeing 707, que até então servia a Presidência da República, tem quase 40 anos de uso, 19 deles na FAB, e apresenta os seguintes problemas: excessivo nível de ruído, limitando suas operações em alguns aeroportos internacionais; alto custo de manutenção; consumo excessivo de combustível (6.800 kg/hora, contra 2.500 kg/h do ACJ-319); dificuldade de reposição de peças; sistemas de navegação e de comunicação com capacidade limitada; e necessidade de escalas para reabastecimento em vôos de longa distância.
Além disso, esse avião deixou de atender aos requisitos operacionais exigidos para sobrevôo em determinadas regiões do mundo, particularmente nos Estados Unidos, no Canadá e em vários países da Europa.
O Boeing 707 continuará integrando a frota da FAB e será utilizado, basicamente, em operações de reabastecimento de aeronaves, e transporte de carga e tropas.
Fonte: Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República (SECOM)