O PT não teme a verdade
Projeto de resolução para a reunião do Diretório Nacional do PT:
O Partido dos Trabalhadores está sendo submetido, há mais de 70 dias, a um violentíssimo ataque.
Os partidos de direita e grande parte dos meios de comunicação buscam desmoralizar o PT, apresentando-nos como um “partido corrupto” e como uma “fraude histórica”.
As acusações estão tendo enorme repercussão, afetando de maneira profundamente negativa nossa imagem junto a setores sociais que sempre tiveram enorme simpatia ao nosso Partido.
A repercussão das acusações tem relação direta e proporcional aos erros cometidos pelo nosso Partido.
Nesse sentido, a direção nacional do Partido dos Trabalhadores se dirige ao conjunto dos nossos militantes, filiados, simpatizantes e eleitores, para afirmar que o PT não teme a verdade.
O Diretório Nacional assume o compromisso de apurar todos os fatos; identificar todas as responsabilidades, individuais e coletivas, políticas e administrativas; e punir todos aqueles que comprometeram a nossa história.
Sabemos que a promiscuidade com os interesses empresariais, o tráfico de influência e o enriquecimento pessoal são degraus de uma escada que, percorrida por um partido de esquerda, leva a destinos de direita.
Por isto mesmo, não aceitamos que a direita brasileira se transforme, da noite para o dia, no que nunca foi. Não aceitamos que os coronéis da política brasileira, associados aos paladinos da corrupção neoliberal, posem como arautos da “ética na política”. Não aceitamos que mentirosos e criminosos confessos sejam transformados em heróis.
A direita, aproveitando os erros cometidos por setores do nosso Partido, pretendem reconquistar a presidência da República e desmoralizar a esquerda como alternativa programática, de governo e de poder para a sociedade brasileira.
Isto inclui reduzir, desde já, o espaço do PT no governo Lula, pressionar o presidente para que desista da reeleição, ameaçar com o impeachment, desgastar o governo para impor-lhe uma derrota nas urnas e – se nada disso tiver sido suficiente – cercar um eventual segundo mandato Lula de um Congresso nacional e de governadores ainda mais conservadores.
Hoje, a ofensiva da direita assumiu uma dinâmica própria. Por isto, embora a opção preferencial dos partidos conservadores seja “desgastar” o governo e o PT, para nos derrotar em 2006, a situação pode desandar para uma tentativa de impeachment. A tendência, pois, é de agravamento da situação e de ampliação da ofensiva contra nosso Partido.
Neste momento em que se tenta desconstituir todo o acúmulo de pelo menos 25 anos de luta, neste momento em que o PT está sendo duramente atacado, convocamos toda a militância a defender o Partido e nossas bandeiras históricas.
O PT não é uma “fraude”. Nossos militantes estiveram presentes em todas as lutas que o povo brasileiro travou, nos últimos 25 anos, por democracia, soberania nacional, por direitos iguais e pelo socialismo.
O PT não é um partido corrupto. Quando se tiram os corruptos, um partido corrupto deixa de existir. Com o PT acontece o contrário: à medida que excluirmos os que mancharam nossa história, nosso Partido ficará melhor e mais forte.
Defender o PT significa denunciar os reais propósitos dos partidos de direita.
Defender o PT significa reconhecer os erros cometidos e punir duramente os envolvidos.
Defender o PT significa, principalmente, alterar a linha política que está na base dos erros cometidos.
Precisamos de aliados para governar e mudar o país, mas estas alianças devem estar baseadas em compromissos programáticos e públicos. Precisamos de unidade partidária, mas a unidade precisa ser construída através do debate democrático nas instâncias. Precisamos disputar e vencer mais eleições, mas nossas campanhas devem estar sustentadas pela mobilização militante. Finalmente, precisamos realizar um amplo debate sobre a política econômica e, imediatamente, reduzir as taxas de juros e liberar recursos para o investimento em infra-estrutura, o investimento social, as reformas agrária e urbana, a ampliação do valor do salário mínimo e das aposentadorias.
Defender o PT é transformar o Processo de Eleição da Direção Partidária, no dia 18 de setembro, num profundo debate sobre os rumos do Partido, num grande ato em defesa do PT e de reafirmação dos nossos compromissos com um Brasil democrático, popular e socialista.
O Diretório Nacional orienta sua comissão executiva a solicitar uma audiência com o Presidente da República, a fim de lhe transmitir as posições do Partido dos Trabalhadores.
Valter Pomar, Maria do Rosário, Adão Preto, Antonio Carlos, Cecília Hypolito, Fernando Ferro, Flávio Koutzii, Frei Anastácio, Henrique Fontana, Iriny Lopes, Maristela Matos, Múcio Magalhães, Marlene Rocha, Júlio Quadros, Sonia Hypolito, Tilden Santiago