Natal continua sem o principal espaço de lazer para crianças
Há muito tempo Natal carece de um espaço público de lazer dedicado às crianças. Quando em abril de 2008, fortes chuvas provocaram o fechamento da Cidade da Criança, o cenário do local já era desolador. Lagoa poluída, brinquedos quebrados, prédios desgastados. Reformas de pequeno porte não foram suficientes para garantir o pleno funcionamento do imenso parque localizado no Tirol.
Segundo Crispiniano Neto, diretor geral da Fundação José Augusto, não havia alternativa senão fechar o lugar e fazer uma ampla reforma. “Não adiantava ficar fazendo retoques numa estrutura grande, quase do tamanho de quatro campos de futebol, com cerca de 30 prédios. Agora, a reforma é definitiva”, afirmou.
Prevista para ser reaberta em outubro, a Cidade da Criança receberá um significativo incremento na sua infraestrutura. Dentre as principais novidades, Crispiniano destaca o novo circo projetado para receber 300 pessoas, a concha acústica que antes possuía 200 lugares e agora comportará 2.000 pessoas em área coberta, o teatro que era de 70 lugares e passará a ter 230 em ambiente climatizado, além de muitos brinquedos novos graças a uma parceria de R$ 2 milhões com a Petrobras.
“Creio que a Cidade da Criança vai ficar um parque à altura de qualquer criança do Rio Grande do Norte, do filho do mais humilde trabalhador ao filho do mais bem sucedido empresário, podendo exercer a sua cidadania cultural dentro desse espaço pensado especialmente para ela”, disse o diretor, esperançoso com a possibilidade de abrir o parque no Dia das Crianças, “mesmo que não esteja com tudo o que queremos”.
Crispiniano também falou sobre como a fundação pretende utilizar a Cidade da Criança. “Nós vamos fazer uma parceria com o Sesi, o qual manterá a maior parte das programações, com apresentações artísticas, cursos, oficinas e o que estiver na área do aprendizado cultural”, concluiu, explicando que o foco será a formação do gosto artístico e o despertar de talentos. “Até porque o público prioritário serão as crianças”, acrescentou.
Para o profissional de segurança eletrônica Wilson Meira Xavier, 59, pai de Arthur, 7, Carol, 6, e Pedrinho, 2, a reinauguração da Cidade da Criança será “a melhor coisa que poderia acontecer aqui em Natal. Na cidade ainda falta muita opção de lazer para as crianças. Não temos, por exemplo, um zoológico. Criança adora animais. Estive no Zoológico de São Paulo e observei como as crianças ficavam fascinadas com as cobras”. Paulista, Wilson mora há dois anos em Natal.
“Espero que tenhamos, na Cidade da Criança, um viveiro interativo de pássaros, porquinhos-da-índia, coelhos e que sejam colocados muitos peixes na lagoa”, disse, acrescentando que quem projeta um espaço como esse deve pensar como criança.
Ele afirmou também que o principal cuidado deve ser com a segurança. “Deve-se investir bastante em segurança, tanto para as crianças poderem brincar com liberdade quanto para a gente poder caminhar sossegado”. Outra questão importante “é não explorarem no preço de comidas e bebidas, pois muitas vezes o pai ou a mãe não tem condições de comprar e a criança sai frustrada”.
Já a consultora ambiental e estudante Samara Emilly Vidal de Oliveira, mãe de Samilly, 5, disse que também sente falta de um espaço amplo dedicado ao público infantil. “Atualmente só temos o Parque das Dunas aqui em Natal, que na verdade nem é dedicado às crianças, embora ofereça um bom espaço para passeio e ciclismo”.
Ela recordou que na sua infância sempre visitava a Cidade da Criança. “Lembro muito bem dos parques, das casinhas pequeninas, do lago com o pedalinho e do espaço do zoológico. O dia das crianças sempre tinha uma boa programação”.
Sobre a possibilidade de reabertura do parque nos próximos meses, ela demonstrou satisfação. “Fico muito satisfeita, uma vez que vou poder levar minha filha a um local em que há maior dedicação à sua faixa etária, e ainda poderei apresenta-la um ambiente que fez parte da minha infância”.
Os investimentos do Governo do Estado para a reconstrução e ampliação da nova Cidade da Criança são da ordem de R$ 8,5 milhões, sendo R$ 7,2 milhões em infraestrutura e R$ 1,3 milhão para a compra de equipamentos permanentes.
Publicado originalmente na Agência Fotec da UFRN