Editorial da Revista Cartorze: A marcha fúnebre da Prefeitura de Natal
A maledicência da internet já apregoa: “Micarla, jogue na Mega Sena, talvez assim você consiga pagar as dívidas da prefeitura”. É estarrecedor notar a situação atual da nossa cidade, seja na parte financeira, seja na própria administração. Em Natal, elevadores parados porque não pagaram o aluguel dos prédios, eventos culturais cancelados por conta de calotes passados e, agora, para completar, artistas sem receber a premiação do Salão de Artes Visuais. A situação está num nível tão baixo que já se tornou banal.
A gestão atual parece jogar a favor dos maledicentes. Mesmo quando não se quer criticar Micarla, ela dá motivos para tal. Nos bastidores da imprensa, fala-se de uma tendência ao masoquismo da nossa prefeita-borboleta. Ela parece gostar que batam na prefeitura. O descontrole, a gestão sem um mínimo de planejamento, os absurdos – como a brilhante iniciativa de cortar a árvore da cidade – levam a situações extremas como a atual, onde se opera no jargão “devo, não nego, pago quando puder”.
A grande questão disso tudo é saber para aonde, de fato, vão os suados reais que cada um de nós paga de imposto. Já que o dinheiro, aparentemente, não está onde deveria. Tributos esses, aliás, que estão presentes praticamente em todos os momentos de nossa vidas, seja quando vamos comprar um pãozinho na padaria, seja quando precisamos pegar um ônibus para chegar ao trabalho. Não é de se imaginar que, a qualquer momento, inicie-se um jogo, semelhante ao famigerado “Onde Está Wally“, fazendo, essa mesma pergunta, sobre o dinheiro dos nossos impostos que nunca vemos ser aplicados.
Preferências político-partidárias a parte, há de se concordar que a situação atual do nosso executivo é fúnebre. O secretariado de Micarla, onde – por incrível que pareça – existe sim gente boa, tem que arrancar os cabelos, se virar nos 30, fazer das tripas coração – com o perdão do clichê – para tentar arrumar uma justificativa para tamanho desgoverno. Artistas, profissionais, credores não são pagos, as ruas, esburacadas, o ensino municipal indo de mal a pior, o trânsito, sem a devida fiscalização, caótico, e as questões ambientais solenemente ignoradas. É lamentável.
O que nos resta é concordar com os maledicentes, fazer coro com os indignados, tentar mudar esse triste cenário nos manifestando. Citar Alex de Souza também faz bem, afinal, num instante de sabedoria, declamou no Twitter que hoje, os dois piores empregos no RN são: treinador do América [sic] e secretário de Micarla. Ele está certo, afinal fazer parte de um governo com tamanha incompetência é o mesmo que optar por torturar-se. A não ser, é claro, que o indivíduo também seja incompetente.
É nesse cenário de luto que a Revista Catorze volta do seu longo e tenebroso inverno sem atualizações. Retornamos ao som de marcha fúnebre em homenagem à nossa prefeitura e aguardando o seu triste enterro que, pelo visto, não vai demorar muito para chegar.
Fonte: Revista Catorze