Paralisação da Coopmed faz Samu Natal fechar as portas
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Crise na saúde municipal. A greve dos médicos ligados à Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (COOPMED/RN) está afetando serviços básicos e emergenciais. Desde as primeiras horas desta terça-feira (27), os natalenses não podem contar com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU Natal). Sem médicos, não há atendimento através do 192. A sede do serviço será fechada.
De acordo com o coordenador médico do Samu Natal, Ariano José Freitas de Oliveira, o Conselho Regional de Medicina do RN (CREMERN) já foi comunicado sobre o fato. A secretaria Municipal de Saúde (SMS) também foi alertada da possibilidade do serviço parar, no entanto, nenhuma providência foi tomada. “Desde ontem à noite estamos esperando uma resposta da secretária para saber se o Samu Metropolitano assumiria o serviço. Não houve resposta e não há o que fazer”, explicou.
As ambulâncias estão paradas e quem liga para o 192 é comunicado de que não é possível realizar o atendimento. A suspensão do serviço, segundo o coordenador médico, é por tempo indeterminado. Estão paralisadas três UTIs móveis e nove ambulâncias básicas, todas paradas na base do Samu, na Avenida Nascimento de Castro.
O serviço móvel de emergência paralisou as atividades alegando falta de pagamento referente aos meses de outubro e novembro para os médicos da Coopmed e, segundo Ariano Oliveira, esta não é a primeira vez que o serviço é prejudicado por falta de pagamento. “No mês de agosto, a Coopmed tirou do próprio bolso para que o Samu não paralisasse o serviço”.
Ultimamente, o Samu Natal contava com uma equipe formada por nove profissionais da cooperativa, cinco de contrato temporário e 35 estatutários. Todos esses médicos revezavam as atividades e assim conseguiam suprir a demanda do serviço para a capital potiguar. Porém, a paralisação enfatiza o quadro de defasagem estrutural.
Agora, apenas quatro médicos ligados à Cooperativa Médica estão trabalhando, os cinco de contrato temporário não prestam mais serviço devido ao vencimento do contrato de dois anos no mês de setembro passado, e os 35 funcionários estatutários estão desmotivados por falta de estrutura para trabalhar, com problemas hidráulicos e falta de ar-condicionado na base, por exemplo, e estrutura das ambulâncias prejudicada.
Com a paralisação da Coopmed, o serviço municipal de saúde não está recebendo pacientes e, por isso, o Samu Natal fica “sem saber para onde mandar os pacientes que precisam ser atendidos”, disse Ariano Oliveira.
Em relação à duração da paralisação, o coordenador médico do Samu Natal afirma que não existe uma previsão de término, porém, uma assembleia da cooperativa está marcada para a noite desta quarta-feira (28) para que os cooperados discutam a renovação do contrato, que vence no próximo dia 3, e como será feito o pagamento dos meses de outubro e novembro.
Ariano Oliveira destaca ainda que, caso o contrato entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Cooperativa Médica do RN não seja renovado, a situação de crise, ao menos em relação ao Samu, deve piorar.
Fonte: Tribuna do Norte
É vergonhosa a forma como grande parte dos governos trata serviços essenciais à população, e a situação caótica em que se encontram é resultado sobretudo das políticas neoliberais de desmonte e enfraquecimento do Estado.
Um governo integralmente comprometido com o seu povo não admite terceirização daquilo que é imprescindível à vida e ao desenvolvimento social da nação.
No tocante à saúde, é preciso apostar na contratação por concurso público, no acompanhamento rigoroso do cumprimento das jornadas de trabalho e na melhoria das condições de trabalho.
Medidas como a possibilidade de quitação de financiamento público estudantil por meio de trabalho, no âmbito do Sistema Único de Saúde, em municípios carentes de determinadas especialidades médicas poderão contribuir para amenizar o problema.
Por outro lado, é preciso pensar em novas alternativas de solução. A título de exemplo, considerando que muitas vezes profissionais de saúde agem em conluio para boicotar os poucos certames que são abertos, poder-se-ia exigir uma contrapartida de quem se forma em medicina e áreas afins nas universidades públicas do país, fazendo com que passassem obrigatoriamente determinado período da sua vida profissional atuando em unidades públicas nas cidades que carecem das respectivas especialidades.
Não tenho dúvida. Para enfrentar o caos, impõe-se vontade política daqueles que elegemos para as três esferas de governo na busca de mecanismos que acabem com a submissão da administração pública à iniciativa privada e fazem-se imprescindíveis investimentos governamentais em serviços estatais, isto é, do povo para o povo. Tudo em contrário é conversa fiada e desperdício de dinheiro público.
Isaac Ribeiro